Os trabalhadores da fábrica da Suzano Papel Celulose, em Três Lagoas, estão denunciando possível situação de exploração, incluindo condições precárias de trabalho, que deixam os funcionários em situações degradantes e impossibilitados de exercer suas funções, sem receber de maneira justa aquilo que lhes é de direito.
Chegam a nossa redação provas com depoimentos, vídeos e imagens que comprovam as penúrias de quem depende de um trabalho exploratório para obter o sustento das famílias que necessitam que os homens de suas casas possam trazer o pão de cada dia.
Entre as principais queixas, está a maneira na qual as refeições dos profissionais são transportadas, às vezes por horas, e de forma inadequada e sem o mínimo de higiene, até o momento do consumo.
O Ministério Público do Mato Grosso do Sul está à frente do caso
Apesar de termos um Código Penal brasileiro que pune essas atrocidades relacionadas ao trabalho, conforme aponta o artigo 149 sobre trabalhos esforçados e jornadas exaustivas, cada vez mais em nosso país os patrões são empoderados a desumanizar as relações de trabalho com funcionários, e com essa grande empresa que tem fábricas no País e é tradicionalíssima no setor da extração de celulose, um episódio de crueldade a quem ajuda a essa empresa a crescer.
O caso já está sendo apreciado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul, que analisa as denúncias dos trabalhadores e providenciou ações que devem tomar as medidas cabíveis e que estejam a favor desses trabalhadores que tanto sofrem com o descaso praticado pela empresa.
É o que eles e a sociedade que está preocupada e acompanha o que está acontecendo aguarda ansiosamente pela conclusão justa.
Refeições azedas e contaminadas devido à falta de equipamentos adequados
Vamos ao caso e passamos a abordar com atenção o que acontece com esses funcionários, que ao olhar dos patrões que estavam sob o domínio de todos os empregados já não eram mais colaboradores e sim meros homens subalternos sem direito as utilidades básicas de todo o trabalhador.
Relatos simplesmente assustadores dos trabalhadores da Suzano Celulose e Papel mostram que a empresa não tinha a mínima preocupação com as condições dos seus funcionários, que passaram calados com medo de perder seus empregos.
Mas para que pudessem retomar a dignidade de exercer seus direitos de cidadania e trabalharem em paz e com as suas consciências tranquilas, resolveram falar com detalhes o que está acontecendo na produção da empresa.
De acordo com um dos colaboradores, que preferiu não se identificar, “As refeições são transportadas no porta-malas dos ônibus, onde não há ventilação”.
Conforme o que diz no inciso VII do artigo 200 da CLT, é obrigatória a higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, refeitórios e condições de conforto por ocasião das refeições (incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).
Portanto, nota-se que eram negados acessos aos benefícios que eram concedidos por direitos que antes eram assegurados e agora passam a ser instáveis para todos esses operários que atuam junto à incerteza de suportarem toda a humilhação.
Direitos esses que não eram levados a mínima pelos recursos Desumanos da empresa, que faz obrigá-los a trabalhar embaixo de um sol escaldante ou debaixo de chuvas torrenciais em horário integral, passando até pela hora de almoço do qual todo o ser humano precisa fazer uma pausa, horário esse que deveria ser destinado a uma refeição importante para mantê-los de pé.
A comida chega a eles estragada, azeda com um gosto ruim, e composta de alimentos que nitidamente já passaram do prazo de validade e não tinham mais condições de serem consumidas nesse estado, como explica um dos funcionários:
“A refeição já chegou azeda, com bactérias. Eu já tive até problema de estômago por isso.”

Não há um local adequado de armazenamento dos alimentos que são entregues, então o estado de conservação desses alimentos é duvidoso e perigoso para a ingestão. Até podem colocar em risco a saúde dos funcionários e mesmo prejudicar potencialmente o trabalho que eles fazem.
Além de terem que lidar com a péssima qualidade dos alimentos entregues, eles ainda precisam se virar para comer em locais sujos e feitos de maneira improvisada, pois não há refeitório, um local adequado para que eles sentarem a uma mesa e comerem com a tranquilidade necessária para acomodação.

Situação que acontece há um bom tempo
A preocupação com a nutrição e segurança desses trabalhadores é inexistente. Jogados ao relento, eles tinham que trabalhar excessivamente por metas abusivas que exigiam muito esforço e ausência de cuidados com possíveis acidentes que poderiam ser causados ao longo da jornada de trabalho.
A falta de profissionais que fiscalizam as condições essenciais para a saúde do trabalho é algo que choca a todos que sabem da importância de investir na segurança dos trabalhadores.
As cobranças de peças dos veículos que são utilizados como o maquinário de trabalho desses funcionários estavam sendo descontadas diretamente no salário deles, no formato “prêmio produção” em valores perceptíveis com a redução do ganho na carteira.
Os gastos que estão inclusos: pneu, combustível dos equipamentos, lubrificante e peças dos carros que vão se desgastando com o tempo. Do que se pode tirar desse “prêmio” não há nada de bom que vai para esses trabalhadores e sim um prêmio para a empresa que têm seus gastos abonados em cima de quem “rala” dia e noite para gerar a tal produção, que também é premiada com o esforço aplicado por quem batalha para fazer este serviço.
Ou seja, é um prêmio da empresa para a empresa e os funcionários que arcam com esses custos! Quanto aos salários, os prejuízos são contabilizados a esses trabalhadores que sentem na pele as ameaças de redução salarial, propostas forçadas a “pedirem a conta”, se demitir de própria iniciativa e perdendo todos os benefícios conquistados no acúmulo do tempo de trabalho em que prestaram serviços à empresa.
Trabalhadores e o Sindicato rural sentaram-se à mesa para conversar sobre um dos direitos enfraquecidos pelo governo federal que foram mais sentidos por eles, que são as horas in itineres que se refere ao pagamento de horas referentes ao trecho que se deslocam de suas casas até a empresa, e muitos desses trabalhadores são de bairros da zona rural.
São esperadas providências por parte da Justiça ao combate da precarização na situação dos trabalhadores da Suzano Papel e Celulose e que esses trabalhadores possam reaver os danos causados a quem tanto colabora para a sociedade.
Nota da Suzano Papel Celulose
“A empresa nega veemente que haja qualquer irregularidade relacionada a condições de trabalho em sua operação florestal em Mato Grosso do Sul. Inclusive, destaca que o Portal 3 Lagoas em nenhum momento procurou averiguar a veracidade das informações da suposta denúncia e sequer contatou a companhia para se posicionar à respeito, o que fere os princípios básicos do jornalismo. É importante ressaltar que as instalações da Suzano têm condições adequadas de saúde e segurança e conforto para seus trabalhadores, sejam próprios ou terceirizados, o que é constatado anualmente em auditorias independentes realizadas na empresa para renovação de suas certificações - as quais seguem normas e padrões internacionais, bem como fiscalizadas pelos órgão competentes. Inclusive, a empresa aparece como uma das melhores empresas para trabalhar no país segundo ranking divulgado pelo Great Place to Work (GPTW) em parceria com a revista Época Negócios. A premiação é resultado de uma metodologia global desenvolvida a partir da pesquisa de clima, comentários dos funcionários, práticas culturais e questionário adicional temático para mulheres. A Suzano repudia toda e qualquer atividade que envolva condições inadequadas de trabalho e reitera o seu compromisso com o cumprimento das normas e leis vigentes de saúde e segurança do trabalhador.”